Capítulo 49

Por instantes Gusttavo desvia seu olhar por cima do sue ombro e algo que ele viu o faz mudar de ideia mudando sua rota e  dando um leve beijo demorado no rosto de Cecília, sorrindo em seguida começando a cantar: - se você não existisse eu ia te inventar, na forma de um anjo mais lindo eu ia te amar eu respiro você, só você não sabe o quanto eu te quero bem, vou te fazer a minha vítima minha refém, você está sempre presente na memória, quero eternizar você – joga pro público terminar a canção e eles vão ao delírio - Ele agradecia com um “obrigado linda” e deixava ela partir.

Maria Cecília caminhava desnorteada, aliviada e ao mesmo tempo percebendo que poderia perder o equilíbrio, que saia justa tinha passado. Não era só ela mais Luan também respirou fundo ao ver aquele teatrinho se desfazer, mais ela teria quase certeza que o beijo aconteceria, ele iria fazê-lo de qualquer forma, mais o que fez Gusttavo mudar de ideia? Suas palavras? O medo que impôs?

- Você tá bem? – Augusto lhe tomava pelos braços abraçando-a.

- Augusto? – olhava assustada – você estava ai? Vendo tudo?

- Alguém precisava parar não é? – ela abria um sorriso – ele olhou pra mim no momento certo e bastou um gesto que eu iria quebrar a cara dele – Cecília ria, então tinha sido Augusto quem Gusttavo olhava naquele momento – eu não esperava que ele temesse de verdade? Tem alguma explicação?

- Enquanto ele te olhava eu falava com ele, tentando converter a situação. Disse que era irmã do contratante, não resolveu, disse que não queria aquilo e não resolveu, ai falei que tinha uma pessoa e que ele não ia gostar, falei que perderia nossa amizade e em fim, ele deve ter pensado que o tal cara era você querendo quebrar a cara dele. – ela riu  e Augusto acompanhou – você é um anjo, obrigada – o abraça mais uma vez.

- Sempre chego na hora certa – se orgulhava.

- O Luan deve ter visto tudo pelo telão! – falava com voz triste.

- Mais não aconteceu nada!

- Mesmo assim, se fosse eu estava em ponto de matar um – era sincera.

- Tudo bem, ele provocou, até eu fiquei com ciúmes – ria  - Arthur quem gostou.

- Ele conseguiu Augusto – tinha o tom da decepção - me proibiu de ir pro outro camarote e de quebra  me arrumou o Gusttavo, ele sabe de mim e do Luan – afirmava convicta.

- Sabe?

- Desconfia porque só isso pra explicar o  que ele sempre me diz : “ o Luan não é pra você” – imitava a voz do irmão com um pingo de mágoa.

- Eu vou dar um jeito nisso – puxava sua mão.

- Impossível, ele proibiu minha entrada lá – apontava.

- O Luan sabe disso?

- Sim.

- Bom, com a mudança de palcos o show do Jorge e Mateus vai ser aqui nesse mesmo que o Gusttavo se apresentou não é?

- Sim, estão montando o show de Lua no outro – Augusto lhe encarava como se aquilo tudo fosse em cima da hora, e era – Arthur mudou de uma hora pra outra e nos sabemos o porque. - explicava.

- Então você está impedida de ir lá não é? – ela concorda – mais eu não e o Luan não foi vetado de mudar de camarote, tecnicamente ele é a maior atração da noite e pode tudo hoje. 

- Augusto – relutava – o Luan está lá com a família, amigos e a equipe, desculpa mais ele não viria...

- Como pode ter tanta certeza? – ela dá de ombros – vamos ver isso e se ele gosta de você e quer ficar com você ele virá, confia em mim?

- Eu confio Augusto, acho que é a única pessoa que confio no universo.

- Então aguarda tudo bem? Volto já – caminha rápido e depois para – é...como eu chego no outro lado sem passar pro cima dessa multidão? – ria.

- Atrás desse palco tem um túnel que liga ao outro, lá tem banheiro e os camarins, vai direto caso algum segurança te impeça diz que é a mando do Arthur – ele assentia.

Caminhava pro camarim pensando na ironia e na contradição: - É Cecília, se fosse em outros tempos, nos tempos da Paloma ela adoraria fazer isso, ter beijado o Gusttavo, ter tido toda essa exposição, mais veja só você como está? – olhava a sua frente e Sônia vinha caminhando em sua direção parecia agitada e que iria embora.

- Que bom que eu te achei filha! – pegava sua mão.

- Você tá bem?

- Discuti com o Arthur – ela se assusta – fui sutil e ninguém percebeu, acredita que ele viu toda aquela cena e nem se importou?

Ela ri nervosa: - Acredito, mais não vai não, fica.

- O Augusto está aí e cuidará de tudo, eu já vi demais e tenho umas decisões pra tomar – Sônia parecia decidida – os pais de Bia também já foram e restaram poucos, onde está o Augusto, ele veio atrás de você!?

- Sim mais precisou sair rápido.

- Alguma coisa no hospital?

- Não, não. Algumas coisas minhas que ele está tentando resolver. – Sônia entendia.

- Ele é ótimo não é?

- É sim – para e  pensa se diria aquilo mesmo – ele é ótimo mãe.

Sônia saia dali satisfeita por mais uma vez ouvir aquilo da boca de Cecília, que ao voltar no camarote sentou entediada enquanto o irmão dava uma entrevista.

- Tá tudo bem? – Bia quem perguntava. 

- O que você acha? – a sua cara e a forma de falar respondiam tudo e isso entristece sua amiga – me desculpe – era sincera – mais você entende porque fico assim não é?

- Cecília! Eu lamento tanto, sei que ainda tem um carinho enorme por mim, eu vejo...

- Eu sei também que você não mudou, apenas foi burra por namorar o Arthur – já tinha falado.

- Não mandamos no coração, porque se isso fosse possível eu tinha escolhido você, mais não sei medir o que é certo e errado, bom ou ruim, apenas que é intenso – ela descrevia sua situação com Luan ao dizer aquilo – eu o amo.

- E ele? – silêncio – eu seria idiota se te falasse que não era pra se submeter a isso mais te entendo, porque eu também estou apaixonada – Bia sorria com a felicidade da amiga – e Bia, o Arthur tá tentando acabar algo que ainda nem começou...

- Como assim? – não entendia.

- Eu e o Luan – Bia a encarava como quem ouvia algo improvável.

- As cunhadas estão papiando? – Arthur intrometia-se, sentando-se ao lado de Bia e a abraçando dando um beijo em sua bochecha – Parabéns pela sua performance no palco maninha, foi incrível, eu bem que falei que o Gusttavo é o cara certo pra você.

- Você me entende não é Bia? – concluía a história ignorando o irmão, ela sabia que Bia entenderia, sempre foi rápida e ela nesse momento deveria estar pensando como amava o homem que queria acabar com a felicidade da sua irmã que é sua amiga, e com sinceridade Cecília não desejava estar em sua pele, dividida entre o que e o certo e o que ela quer.

Olha o celular e pensava se mandaria algum sinal de vida pra ele, se Augusto já o tinha alcançado e torcia pra que dali a uns minutos ele estivesse entrando por aquele camarote.

Não foi difícil chegar até o outro lado, com o passe livre de estar passando por ali a mando de Arthur em segundos estava na entrada do camarote “das estrelas” assim indicava a própria figura de uma estrela dourada na porta. Entra e vê a quantidade de pessoas, a maioria com crachás indicando que eram de alguma equipe, outras muito arrumadas, alguns dos cantores que iriam se apresentar e por fim enxerga os cabelos longos de Bruna, toca em sue ombro.

Ela sorri mais ele e direto: - Cadê o Luan?

- Oi né? – reclama – ele não está aqui, bom estava até agora pouco, deve ter saído ir tomar um ar, o Nivaldo tirou o fôlego dele – ria.

 

- Você não sabe onde ele foi?

- Não Augusto – Bruna não tinha paciência de explicar a mesma coisa duas vezes.

- Droga, vou procurar então.

- Espera, espera. Eu te ajudo, se me disser porque o quer tanto – com ela sempre tinha algo em troca.

- Acho que você já sabe, Cecília.

- Porque ela não veio com você?

- Porque ela tem um irmão muito chato que  a proibiu de entrar aqui, mais acho que o Luan pode ir pra lá – apontava na direção contrária.

- Algum problema Bruna? – Amarildo se aproximava.

- Não papai, esse e nosos amigo, Augusto. Ele é médico e...

- Alguém viu o Luan? – Dagmar interrompia – ele sumiu mais uma vez e não sei onde está, viram ele?

- É – Bruna interrompia – foi justamente o que o Augusto veio avisar, que o Luan está indo pro outro camarote a convite do Arthur, não é Augusto? – o cutucava.

- Ah é sim, ai eu vinha caminhando nessa direção e ele pediu pra avisar, sabem que ambos são amigos e...

- Ah sei sim meu querido – Amarildo falava terno e paciente – acho que está respondida a sua pergunta Dagmar.

Ela saia com a cara impaciente, Luan sempre fazia essas coisas e Bruna começava: - Papai? Eu posso ir também? Levarei a Gabi e fico com o Luan, assim lembro a ele de chegar a tempo da sua apresentação, pode ser que ele se empolgue e nos sabemos como ele é – ria.

- Claro filha, pode acompanhar o Augusto não é? – ele concorda – e cuide do seu irmão.

- E você cuide da mamãe – ria indo em direção a Gabi e puxando-a.

Augusto caminhava ao lado de duas adolescentes e aquela palavra respondia a sua questão, só adolescentes pra terem criatividade o bastante e conseguir contornar uma situação daquelas com Bruna tinha feito. Ela era mesmo esperta.

Andaram pelo camarim, pelos corredores, por trás do palco e não o encontraram, seria fácil enxergar um cara alto e conhecido como Luan mais parecia que ele tinha se reduzido a um grão de pó e foi levado junto com o vento.

- Já fizemos esse caminho umas cinco vezes e nada – Bruna reclamava – celular desligado.

- Ele não iria embora iria? – Augusto questionava.

- Ele processa lento demais só que não e idiota a esse ponto.

- Bom vou ligar pra Cecília e avisar que nada feito.

- Não a preocupe – ela pedia.

- Sempre serei sincero com ela, e sabe quanto tempo estamos o procurando?

- Não.

- Veja o show, já começou a uns dez minutos – referia-se a Jorge e Mateus que já se apresentavam. Disca.

Cecília estava impaciente, fazia tempo que tinha visto Augusto no outro camarote, foi rápido demais  e agora nem sua sombra, sentia o telefone vibrar e era ele, levantava sob os olhos curiosos do irmão e saia do camarote.

- Oi! – já imaginava que ele não viria.

- Não o encontramos.

- Como assim?

- Ele não está em lugar nenhum, eu e a Bruna procuramos nos corredores, camarim, atrás do palco e nada, não fazemos ideia de onde esteja. – enquanto Augusto falava algo chamava sua atenção, parado como quem espera o fim de uma conversa estava Luan a olhando com um leve sorriso no rosto. – Mais eu sei, bem aqui na minha frente. – sorria.

- O que? – ela já havia desligado o telefone e caminhava pra Luan com pressa.

- É...oi! – sorria sem graça parando em frente aquela figura impecavelmente linda.

- Não gostei dessa saia, curta demais – mexia no queixo.

- Luan, eu aqui preocupada com o que você está pensando de tudo que aconteceu e me vem com história de saia? – não acreditava no que ele dizia.

- Foi justamente por isso que vim aqui – ele falava sério – vim cuidar do que é meu – ri a fazendo rir também, mesmo que ele estivesse com ciúmes não estava deixando transparecer.

- Me desculpe eu...bom, é uma longa histórie e teremos que...

- Eu não quero ouvir agora – acariciava seu rosto, por incrível que pareça o corredor estava vazio – se Cecília não vem até Luan, Luan vem até ela – ri bobo – e a abraça forte falando ao seu ouvido – tá eu to morrendo de ciúmes aqui, minha vontade era de invadir aquele palco e puxar cê dali – a afastava e seus lábios iam em direção da sua boca.

- Luan, aqui não! Lembra?

Bufa decepcionado: - Tudo bem, tudo bem – e ela também não gostava daquilo, queria o beijar ali mesmo sem preocupar-se com o que os outros pensariam – eu espero, só mais três horas.

- Só mais três horas. – ela confirmava.

- Vamos entrar juntos? No camarote?

- Não vejo problemas nisso – ela ri – quem não vai gostar é o Arthur – viravam na direção da entrada – Luan, você não ia entrar? Digo, caso eu não tivesse aparecido aqui fora?

- Eu estava me preparando – admitia -  e torcendo que aparecesse aqui, iria ficar estranho la dentro entende? Sem essa conversa.

- Porque não ligou? – silencio – ciúmes? – ele concorda  -você realmente leva a sério isso hein? Bobo – apertava sua bochecha.

- Ah olha quem está aqui – Augusto aparecia com Bruna e a amiga dela, Luan so ria – sabem qual a função de um celular? Entre muitas ligas pras pessoas e contar o que está acontecendo.

- Tá tudo bem.

- Não foi você quem deu mil voltas te procurando Luan – Bruna reclamava.

- É, vamos entrar? – Cecília pegava a mão de Luan – estamos perdendo o show.

Ela abria passagem entrando no camarim com aquelas pessoas todas surpreendendo o irmão, principalmente ao vê-la de mãos dadas com Luan.

Sabe a sensação de ganhar e perder ao mesmo tempo? Arthur passava por esses dois estágios, só com um acréscimo a mais de vergonha ao ver Luan “seu amigo” no camarote que a pouco Gusttavo estava como convidado. Vergonha e Raiva se misturavam em seu semblante.

CONTINUA...