Capítulo 10

Luan passeava com as mãos nos bolsos ao redor da lagoa do seu condomínio, estava confuso , o que essa mulher escondia dele? Escondia de todos? Porque uma hora fazia coisas que contradizem o correto e de repente ajudava sua irmã? Seria mesmo ela estudando na praça? Aquela mesma praça onde se beijaram e quase fizeram amor? A noite passada vinha em flashs na sua cabeça, sim, estava encantado com ela mais antes tinha que saber quem ela era de verdade e já pensava em como conseguir isso.

 - Hoje não é teu dia de sorte Maria Cecília – tamborilava os dedos na direção – é você está agindo exatamente como a Maria Cecília  - olha se repreendendo no espelho e fala -  Paloma? Cadê você? Primeiro se encanta com o cantorzinho e agora a irmãzinha bancando a coleguinha legal? Ah, o que tá acontecendo hein? – sinaliza para a direita, pegando uma estrada curta de terra e parando em frente a um portão branco largo, o lugar parecia mais um parque ambiental, verde, com árvores de frutos, outras enormes e pelo porte muito antigas e observa as crianças correndo reconhecendo o seu carro. Tinha chegado ao orfanato.

Cumprimenta o Zé Dantas, porteiro ali desde sempre, bem pelo menos lembrava dele desde que começou a frequentar aquele lugar. Era notável a sua mudança de personalidade naquele local, maquiagem discreta, cabelos soltos, calça jeans básica clara e blusa florida, sem salto, sem ousadia. Tão natural, tão Maria Cecília.

- Tia Cecí, tia Cecí. – gritavam as crianças que vinham correndo ao seu encontro. – saudades de você! – formava-se uma roda de pequenos em volta do seu corpo, onde ela tentava envolver a todos com seus braços.

- Ah, eu também estava com saudades de vocês meus amores! Mais a tia Cecí está aqui certo? E trouxe uma coisa... -  faz tom de surpresa.

- Brinquedo? Doce? - Questionavam de uma só vez.

Faz bico de decepção: - Não, infelizmente hoje não, mais lembram do que a tia Cecília está planejando fazer? -  seus olhos brilhavam.

- A casa da árvore! – gritam de uma só vez batendo palmas.

- Isso mesmo, trouxe alguns materiais pra começarmos a construir! – apontava pro carro.

- Que boa notícia Maria Cecília! -  uma voz desvia sua atenção das crianças, era a irmã Tereza que cuidava do orfanato.

- Irmã Tereza -  Paloma a abraça -  você ouviu? Espero começar o mais rápido possível! – comemorava tão deslumbrada quanto as crianças.  – não comprei tudo, apenas tinta, pincéis, lixa, a madeira vem depois acredito que no início do mês começamos tudo.

A freira junta as mãos até o rosto como se fizesse uma pequena oração: - Obrigada minha filha, não sabe o quanto essas crianças estão na expectativa por isso.

- Eu imagino -  ri -  pretendo iniciar o mais rápido possível agora! – as crianças batiam mais palmas com os olhinhos ligeiros e atentos em cada fala da Tia -  bom se me dão licença eu vou descarregar o carro e se der tempo ainda brincamos um pouco certo?

- Êba -  as crianças exclamam.

- Tia conta uma história? – uma das crianças pergunta.

- Se der tempo eu conto ok? Mais a tia tem que trabalhar agora certo? -  falava doce.

- Minha filha, você vai tirar tudo sozinha? Vou mandar o novo voluntário vir te ajudar. – vira-se.

- Novo voluntário?! – Quem seria? – questionava.

- É ele é médico e está nos apoiando, é um excelente rapaz e ama nossas crianças, mais o melhor de tudo é que quando alguém adoecer podemos contar com ele. -  Irmã Tereza falava com satisfação e se lidavam com crianças era perfeito ter um médico solidário.

- Ok, precisarei mesmo de ajuda e vai ser um prazer conhecer esse novo voluntário, pelo que me falou é uma excelente pessoa!  Enquanto isso vou amolar o seu Zé Dantas. – sorri caminhando em direção ao carro.

Paloma tirava latas e mais latas de tinta e outras caixas de dentro do porta-malas, seu Zé Dantas já tinha saído com alguns caixotes até que uma voz forte e firme a surpreender: - É aqui que uma moça precisa de ajuda com os materiais da tão falada casa da árvore?

- Não, não, não! Isso não pode estar acontecendo! – pensava enquanto demorava a virar – nem que passasse mil anos ela não esqueceria aquela voz que ouviu assim que seu  pai morreu -  Augusto, era médico estagiário na clínica de seu pai na época do acidente e lembrava muito bem dele, amigo de Arthur, tentando consolá-lo e dando apoio era o queridinho da sua mãe e não era a toa que era o médico braço direito de Sônia que vivia nos jantares de sua casa, que  até uma certa época era obrigada a frequentar.

- Maria Cecília? – Augusto fala assustado ao reconhecer a figura alta e escultural que se apresentava a sua frente.

- Augusto! -  cospe o nome deixando evidente que odiou encontrá-lo.

- Você não está usando as lentes! – exclama surpreso mergulhando nos seus olhos verdes.

- E você me chamou pelo meu nominho -  zomba não deixando de observar aquela figura alta, morena e forte a sua frente, de sorriso no canto, cabelo arrumado num corte moderno que lembrava o de Luan -  Argh, tinha sempre que lembrar ele!? – pensava.

- O que você está fazendo aqui? Isso não é de seu perfil! – exclama.

- Ah, então só os médicos podem se envolver com criancinhas abandonadas em um orfanato?! – Me poupe e faça alguma coisa útil, leve essas tintas lá pra dentro! – ordena.

- Você não muda. -  ri reconhecendo a Paloma vestida na Maria Cecília.

Carregam a maioria das coisas em silêncio, Paloma estava visivelmente incomodada com a presença de Augusto mais aquele lugar a fazia ser ela mesma, sem máscaras, riu de algumas crianças brigando porque uma queria pegar uma borboleta e a outra a defendia da maldade que percebia no que terminaria se o coleguinha pegasse o bichinho indefeso, respondeu a inúmeras perguntas: - Vamos brincar? Vai dar tempo de contar história? Hein tia? Tia Cecília!!

- Então você é a tão falada Tia Cecília? – quebra o silêncio entre os dois .

- Pelo que parece sim! – é curta e grossa na resposta.

- Essas crianças gostam muito de você sabia? – arrumava a última lata de tinta evidenciando pela polo branca os músculos e peitoral fortes.

- Sim, eu sei!

- Sempre seca não é mesmo?

- Essa sou eu! – organizava algumas lixas que tinham se espalhado pelo chão, o pequeno trabalho a cansava e isso refletia na sua voz.

- Essa é a Paloma? – rebate.

- Que seja. – bate as mãos tirando a poeira e caminhando até o carro.

- Você anda fumando muito? – caminhava ao seu lado.

- Não estou me consultando e aqui você é apenas voluntário. 

- Eu sou médico! E percebi que sua respiração está ofegante.

- Você sabe que eu fumo então...- dá de ombros.

- Essas crianças e a irmã Tereza sabem de você? – rebate.

- Elas não precisam saber de tudo. -  para o encarando enquanto terminava de fechar o porta-malas.

- E sua família sabe?

Fala irritada: - Não, e não vão saber – aponta o dedo – se quiser manter o espírito de cooperação entre nós – passa o dedo por entre seus lábios sinalizando silêncio -  se é que me entende?

- Ok, tudo para trabalharmos juntos! – fala otimista.

- Será um desprazer, mais por elas -  aponta pras crianças – vale a pena, elas são importantes pra mim então não estrague isso falando demais ok? – deixa Augusto sobre aviso.

- Acho que ainda existe salvação pra você sabia? -  diz otimista.

- Não crie esperançar, depois daquele portão – aponta -  nada muda.

- Porque?

- Sabe, a Paloma não gosta de perguntas, e você sabe muito bem disso. – cruza os braços e encosta-se na lateral do carro.

- Não, eu não sei nada sobre a Paloma mais começo a descobrir a Maria Cecília de novo.

- Você diz que não sabe -  para pensando se realmente falaria mais resolve continuar – porque ela não te deu a oportunidade de você a conhecer melhor – sorri – porque eu sei que você adoraria tê-la em seus braços. – rebate.

- Oportunidades não faltarão. – ri esnobando.

- Não porque você é igual a ele, Augustinho. – zomba cutucando seu peito com o dedo indicador.

- A quem? Ao Arthur? – finge não entender.

- Olha, sem chance tá? Se teremos que conviver juntos aqui melhor começarmos de agora, aqui eu sou a Maria Cecília, legal, boazinha, gentil, e lá fora? Eu não te conheço ok?

- Tudo bem, Rainha da  dupla personalidade, sabe que sou neurologista e adoraria saber como funciona seu cérebro vivendo duas pessoas ao mesmo tempo, deve ser muito louco e fascinante. – ri zombando.

- Eu não sou cobaia, Palhaço. -  segue ao encontro das crianças.

A irmã observava a conversa dos dois de longe e algumas crianças curiosas também, riam cochichando : - Eles tão namorando?

- O que eu falo sobre crianças curiosas hein? – a irmã reclama enquanto as crianças corriam rindo com a mão na boca pelo flagra.

CONTINUA...

Amores, apareceu mais um personagem  na nossa história!!

E Paloma que confunde a todos hein? Hora parece estar apaixonada e hora parece não ter mudado em nada?

Postarei depois de 20 comentários!

Paz&Bem

@_Vanesssaa_