Inverno de 1990

Chovia em Londrina, era tarde da noite e o que César lutava pra não acontecer estava acontecendo, ela começava a dar a luz. Maria era filha de empregados, o que não tornou sua vida diferente da dos pais, cresceu naquela mansão e fazia as mesmas tarefas domésticas, mais tinha um carinho enorme por César filho dos patrões, o qual brincou e subiu nas árvores do jardim toda sua infância, ela era bonita, tinha os olhos claros como um céu sem nuvens, ela acabou se apaixonando pro aquele menino de cabelo arrumadinho e sorriso vergonhoso que adorava contar histórias enquanto estavam sentados na grama, mais a renda e posição familiar a impediam de viver a sua grande paixão,  não só isso mais o próprio César, que agora médico, acabou casando com uma também Doutora, Sônia, uma mulher bonita e de um coração enorme com a qual já tinha um filho pequeno Arthur. E que se questionava, por Maria, ser uma moça humilde, mais tão bela nunca ter namorado na vida.

 

César mantinha um caso com Maria, desde que ela se entregou por amor a ele pela primeira vez, ela o entendia, compreendia seus problemas, o confortava, e em seus braços esquecia de tudo. Lembra como hoje quando seu pai disse que era loucura, sujar o nome da família casando com a “filha dos empregados”.

- O que meus amigos vão dizer César?! – Doutor Miguel falava irritado com o filho.

- Mais papai, eu a amo! – dizia com medo.

- Amor? Não se pode amar uma subordinada!

Não puderam viver esse amor, o que não impedia de terem noites a sós, onde ele deixava o leito da sua esposa pela madrugada e ela abria a porta da pequena casa dos fundos com um sorriso a sua espera. Ainda eram jovens, e por um descuido Maria acabou engravidando.

- Não Maria! Isso não podia acontecer, eu sou casado, tenho um filho!- César gritava desesperado.

- Eu sei César, mais aconteceu, o que fazer? – passava as mãos pelos longos cabelos enquanto sentava na cama.

- Tirar. – ela o olha incrédula – não queremos essa criança e ficaremos melhor sem ela.

- Eu quero essa criança! E não vou tirá-la Doutor César. – Falava irônica.

- Isso vai acabar comigo! O que vão pensar? Minha família? Minha esposa?

- Que o Senhor teve um caso com a empregada? Me desculpe, mais vou ter essa criança sozinha, ela não precisa carregar seu sobrenome Senhor Fortezza. – cospe o sobrenome Italiano pra fora.

Maria toma a decisão de ir embora, mais depois de ser pressionada por Sônia, que até então não sabia de nada, acabou contando, em partes, o motivo pelo qual partiria.

- Eu não vou deixar você sair da minha casa nessas condições Maria – Sônia implorava -  nós temos um carinho por você, a família do meu marido também, deixe-nos cuidar dessa criança, dar carinho e dar a ela uma família.

- Pra que? Pra ela crescer e ser mais uma empregada daqui? Ter o mesmo destino que eu?

- Não, eu prometo cuidar dela, pagar um bom colégio, fazer ela ter uma vida profissional, mais fique, precisamos de você.

A culpa fez Maria ficar, se Sônia soubesse a verdade, talvez não a perdoasse, mais ela carregava no seu ventre um Fortezza, e tinha total direito de ficar, por seu filho.

E assim arrastaram-se pelos nove meses, até a notícia de saber que era uma menina, César era o menos entusiasmado, mais muitas vezes pegou-se olhando aquela forma redonda de Maria e imaginando como seria aquela criança.

Acabam descobrindo que a gravidez era de risco, Maria passava a maior parte do tempo deitada em seu pequeno quarto de uma cama de solteiro e poucos móveis, César voltou a visitá-la, com a idéia de aborto, seu pai desconfiava que o filho era seu, e acabava pressionando-o, mais Maria estava firme na sua decisão, teria a criança, mesmo que isso custasse sua vida.

E naquela noite de chuva, naquele pequeno quarto, Maria sentia as dores do parto, ela suava frio, gritava alto, acabou pedindo um pano para morder abafando a dor. Sentia a criança, ela queria nascer, queria sair dali, e juntava suas últimas forças para atender o único desejo que poderia realizar da filha, botá-la no mundo.

- Ela está perdendo muito sangue César. – Sônia ajudava a fazer o parto – deveríamos ter levado ela até o hospital.

- Não teríamos tempo e essa chuva lá fora?! - estava tenso – vamos Maria , mais força, você tem que agüentar. – era visível a preocupação dele com a mãe e não com o bebê que estava por vir. – você é forte.

Um grito ensurdecedor e um choro tomam o ambiente. Arthur olhava assustado da porta e escondeu o rosto com as pequenas mãozinhas.

A menina chorava, parecia saudável, e os olhos de Maria brilhavam fechando lentamente com aquele choro que era a melhor canção da sua vida.

Sônia tinha a menina nos braços, e entende o gesto da mãe, Maria a queria também.

- Já tem um nome pra essa princesa? – Sônia a entrega enrolada em um manto branco.

- Maria Cecília. – fala com dificuldade e César entende o significado, Maria da própria mãe e Cecília era o nome da sua avó, a qual tinha um carinho especial por eles, quando eram crianças, e a única que torcia pelo amor impossível dos dois.

- Belo nome! Bem vinda Maria Cecília! – Sônia comemora.

- O olho dela, é lindo – Maria beija o rosto da pequena criança e chora.

- São sim, verdes! Não puxaram os seus Maria, são tão azuis. – Sônia era a única que se comunicava.

- São uma mistura dos meus com os do pai. – Maria fala emocionada olhando César no canto. – ela é tão quente, tão pequena, tão linda. Minha Maria Cecília. – repete fitando a criança que já não chorava. – Doutora, me promete que vai cuidar da minha filha? Promete que vai fazer o melhor por ela e amá-la como se fosse sua?

- Maria, iremos fazer isso juntas -  Maria nega com a cabeça.

- Promete?

- Eu prometo Maria, mais você vai ficar bem.

- Ela está morrendo, pegue a criança – César grita enquanto Sônia obedece, os braços de Maria caem.

– Faça alguma coisa César, tente animá-la!

Maria não respirava mais e César cerrava os punhos ao ver ali ir embora seu grande amor.

- Não adianta, ela perdeu muito sangue, ela escolheu isso. - Fala abandonando o quarto entre lágrimas.

 Enquanto a criança também chorava sendo levada dali sentindo a ausência dos braços da mãe, ausência que carregaria pro resto da sua vida.

Continua...

Espero realmente que gostem amores!

Estou muito feliz em ter voltado a escrever pra vocês! Me faz muito bem!

Estaremos aqui juntas as férias todas!

Comentem e se identifiquem nos comentários certo?

Meu TT @_Vanesssaa_ e me ajudem espalhando a #Nossa Fic.

Isso é de vocês e pra vocês!

SEMPRE!

Paz&Bem