Capítulo 8

Paloma dirigia confusa pelas ruas escuras de Londrina se sentia estranha, com uma vontade enorme de voltar e ficar com Luan  -  O que é isso Paloma? Enlouqueceu? – Batia na direção com as duas mãos, olha seu semblante no retrovisor seus olhos estavam vermelhos e queimavam, não de sono ou cansaço mais pelo uso excessivo das lentes de contato sem colírio – Droga! -  para o carro e as remove suas mãos tremiam, em seguida pega um pequeno frasco de colírio e pinga nos olhos parando e observando aquela figura no espelho quase não reconhecia mais aqueles olhos verdes, tão iguais aos do seu pai, balança a cabeça e volta a dirigir: - Você tá louca garota? Você não é assim! -  brigava com seus pensamentos. Mais era impossível  não lembrar de cada beijo, cada toque cuidadoso, cada olhar, não fora dita nenhuma palavra mais seus olhos marrom chocolate queimando nos seus, o sorriso de satisfação ficaram marcados, impregnados em seus pensamentos. 

 

O que aconteceu foi diferente de tudo que ela já viveu, e teria que ser esquecido. – Esquecer Paloma, D e l e t a r, não vai querer uma segunda vez com o cantorzinho de meia tigela ok? Paloma Fortezza não é assim. – mais sim, ela queria uma segunda vez, terceira, quarta, quinta se possível – aperta com força a direção, sentia raiva dos sentimentos que afloravam agora. – Foi tão bom, tão perfeito - O sol já despontava no horizonte. – Nossa que Droga, nunca fiquei até tão tarde!  - pisava no acelerador pra chegar mais rápido e aliviar a tensão que sentia tratando de esquecer tudo que seu corpo e seus pensamentos insistiam em lembrar, uma tarefa quase impossível.

Luan não dormia e  ouvir ela admitir que tinha sido perfeito foi o maior prêmio que já tinha ganho, ele conseguiu surpreender a “Rainhas das Noites” repassava as cenas e tudo que Paloma falou naquela noite e no fundo não queria que tudo acabasse ali tinha sido maravilhoso, surreal e muito mais do que ele esperava, do que imaginou todos esses dias em que se pegou sonhando com ela em seus braços totalmente sua – por uma noite apenas? Não gosto disso! – pensava com uma das mãos na direção e outra a boca, o vidro baixo do carro deixava o vento frio da madrugada invadir e bagunçar os cabelos de Luan ao mesmo tempo que apreciava essa sensação -  ela era sim uma mulher incrível como tinha realmente ouvido falar mas doía em pensar que não teria aquelas sensações de volta, que outro seria o sortudo da vez em tocá-la, em tê-la em seus braços. Estava perdendo tudo de novo – Isso não é certo Luan! O que tá acontecendo? Foi só uma noite e nada mais como ela mesmo disse ok? Ela não é de um cara só, e se fosse o caso você não seria o escolhido.

Mais ela tem algo diferente – Luan lembrava -  seus olhos mudaram como se o gelo tivesse sido derretido por um instante, como se fosse outra pessoa, ela esconde alguma coisa, eu sinto... -  pegava o celular e olhava o número armazenado, enquanto Paloma tomava banho ele mexeu em sua bolsa e discou seu número o armazenando em seguida -  e eu vou descobrir o que ela esconde além de querer ferrar com o irmão.  – olhava o número em vão, pois não tinha a coragem de discá-lo.

Amanheceu...

Paloma não dormiu nem por um instante seus sentimentos estavam em conflito, tomou um banho frio na ilusão de acalmar seus nervos, na verdade queria que a água fosse capaz de entrar dentro de seu corpo, apagar aquela chama e limpar tudo que sentia – impossível -  pensava desanimada.

Saia mais uma vez pra sua rotina, faculdade, trabalho e estudar na pracinha a noite trancada em seu carro, não teria noitada hoje o medo de o encontrar e não conseguir estar suficientemente preparada a fazia recuar. Sim, depois de muito pensar conseguia admitir pra si mesma que estava com medo, confusa e fora do normal quando pensava nele. – Droga! – Se odiava por sentir isso. – se pensasse que poderia ter terminado assim, teria o esnobado e brincado mais uma vez como da primeira, mais a curiosidade e aqueles olhos... 

 Como de costume não esperou o café da manhã comeria alguma bobagem na cantina da faculdade. Bia insistiu pra que ela falasse sobre a noite, mais ela disse poucas coisas, na verdade queria falar que foi incrível e porque não Romântico? 

-  Foi legal Bia, não aconteceu nada de diferente – mentia, sabia que tinha sido mais que tudo só que tentava acreditar na versão que contava a amiga.

- Legal? – a olha incrédula. – O Luan Santana foi apenas legal? Paloma, vocês transaram e você sempre me conta coisas incríveis e porque isso agora? O que foi? Ele não superou suas expectativas?

- Sim Bia, ele superou, foi incrível e...- E foi isso Bia, não aconteceu nada demais, voltei ao amanhecer nada de especial, inusitado, o mesmo de sempre ele é ousado  - consegue rir na tentativa d emudar a impressão que deixava para Bia não desconfiar - mais eu consegui marcar ele. – encerra.

- Como sempre né amiga? – Bia ria do tédio que Paloma contava  - mais o Luan é um ótimo partido como minha Vó falaria, é rico, bonito e pelo visto deve tá doidinho com você essa hora! 

- Sim, ele é mais que beleza e dinheiro, porque pensam nisso sempre? Ele é carinhoso, doce ousado na medida certa...Parando tá Paloma? Esquece isso!! - Sem chance Bia, não me envolvo você sabe. -  a olha repetindo o que já sabia.

- Queria ser como você! -  admite.

- Você é. – ri como se ela falasse um absurdo.

- Não, não sou, eu tento -  fala com tristeza  mais não conclui.

- Você é melhor que eu, isso garanto Bia – abraça a amiga de lado.

- Sem chance, eu não aprendi ainda a dominar meus sentimentos – queria dizer a palavra fria mais desistiu.

- Nem eu Bia, nem eu.  – Não sinta, é tão fácil, seja fria. – Depois de ontem nada é mais fácil. Merda. Merda. Merda!

- Eu vou conseguir um dia. -  sorri amarelo.

- Ninguém merece nosso sofrimento, nem nossos sentimentos, principalmente os homens eles traem, mentem e não prestam, só servem para nos divertir – repetia mais pra ela mesma do que pra Bia – pensa assim.

 Bia no fundo não gostava disso e muda de assunto: - Bom o que vai fazer a tarde?

- Dormir. -  mente.

Paloma não trabalharia, a empresa passaria por uma vistoria de estrutura e devido a isso iria a uma loja de material de construção compraria uma boa parte dos materiais necessários para seu projeto de “casa da árvore” pro orfanato – pensar nas crianças e na obra direcionada a elas lhe fazia bem e acalmava seus conflitos -  já estava com uma boa quantia de dinheiro em caixa adquirido de todo seu trabalho – que por sinal era bem remunerado -  enquanto dirigia pensava no que sua mãe e seu irmão achariam se descobrissem que ela estava trabalhando e envolvida num projeto social, sua mãe-adotiva claro que morreria de alegria – sorri involuntariamente imaginando a cena da mulher de baixa estatura aos pulos e lhe abraçando -  já Arthur, tinha suas dúvidas.

 O irmão tinha o dom de acabar com todos seus pensamentos bons, mais hoje não queria pensar nele, nem em Luan, nem na noite que tiveram, apenas nas crianças.

Entrou de loja em loja envolvendo sua cabeça em cálculos, buscando descontos e escolhendo material de boa qualidade, queria dar o melhor para as crianças daquele lugar.

Depois de escolher tudo, madeira, telhado, tintas, parafusos, pincéis, estava na fila do caixa até que uma conversa chama sua atenção ela reconhecia aquela voz, mesmo tendo ouvido poucas vezes, era a mãe de Bia conversando com outra mulher.

- Eu não sei mais o que Fazer pra Bia voltar a ser o que era sempre foi uma garota tão boa, linda, mais começou a andar com aquela Paloma Fortezza que fez uma lavagem cerebral na minha menina, e veja só no que ela se transformou?

- Mentira! A Bia sempre se achou deslocada, sem graça e viu em mim uma salvação – dizia pra ela mesma.

- Uma vadia da noite, isso é inadimissivel! E eu sei que ela não é feliz, ela ainda e uma boa menina mais aquela Fortezza a envenenou se eu a encontrar um dia...

 

Paloma pegou algumas sacolas e saiu rápido dali, estava nervosa e dando graças a Deus dela não lhe ter reconhecido, ela repassa toda a conversa da mãe de Bia, do que falou pela manhã com sua amiga, - Eu queria ser igual a você . – Bia tinha razão, não era igual a Paloma, e sim muito melhor que ela, não deveria viver essa vida e ela agora se culpava por isso, porque ela impôs isso a sua amiga -  angustia -  imaginava como Bia se relacionava, ela conseguia desligar seus sentimentos – bom, ontem a noite não foi bem assim... -  mais e sua amiga? Se machucando a cada beijo? A cada toque com um cara qualquer? Não isso tinha que parar. 

Estava confusa, olha o relógio e já passavam das 14h, sentia fome e antes de ir ao orfanato resolve passar no shopping conseguiria raciocinar melhor de estômago cheio e dessa vez tentaria comer algo saudável.

Não gostava de ambientes cheios demais que não fossem no horário noturno, aquela praça de alimentação estava um inferno no horário de pico.

De óculos escuros comia seu almoço tranquilamente agradecendo por nesse instante seus pensamentos terem dado trégua quando uma mão a surpreende, não entendia como mesmo vestindo roupas normais e comportadas pra seu estilo aquela pessoa a reconheceu, do seu lado, com um sorriso de canto estava Bruna, já sentando bem a sua frente, a copia do irmão, os mesmos olhos e as lembranças daquela noite começavam a inundá-la mais uma vez.

- Hoje não é seu dia de sorte Paloma Fortezza. – pensava.

CONTINUA...

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