Capítulo 29

Maria Cecília se deu por vencida e percebeu que estava no melhor lugar do mundo, onde ouvia apenas as batidas do coração dele e a chuva que caia lá fora, sentia o afago de uma mão macia que acariciava seus cabelos enquanto a outra fazia carinho nas costas de sua mão, era errado mais percebeu que ela sempre quis estar ali com ele, mesmo que seu sentimento nunca fosse retribuído, mais o queria, queria seu carinho, queria dividir seus medos, suas dores e era com ele. Apenas ele. – Você o ama Cecília! – admitia em pensamentos. Paloma nunca se deixaria ficar ali, assim, juntinha com alguém, e começou a perceber que a medida que conversavam Paloma a muito tempo já tinha ido embora, porque hein? Porque começaram tão errado? Logo com sexo? Logo se entregando? Porque o início não foi ali? Naquele momento? Poderia ter uma chance mais não, Paloma é imperfeita e estragou tudo, contaria toda a verdade, ele deixaria de persegui-la e ela voltaria pra casa, sofrendo por admitir que estava apaixonada.

Ela falava contra o peito de Luan: - Minha mãe não é a Sônia como você sabe, mais eu sou filha do César, quem me contou essa história foi a Estela e alguns fatos que ele me contou quando estava morrendo, ele era jovem quando se apaixonou por minha mãe, ela se chamava Maria e era filha dos empregados daquela casa – Luan estremece -   ela também trabalhava lá, só que meu avô, pai do César nunca aceitou isso – ele ouvia atento, era inacreditável tudo aquilo, parecia cosias que só aconteciam em novela – ele não queria que o estudante recém formado em medicina sujasse o nome da família casando-se com uma empregada, ele conheceu a Sônia e mantinha um relacionamento com ela e com minha mãe as escondidas, até que casaram, tiveram o Arthur e por ironia do destino minha mãe engravidou.  – para um pouco, estava nervosa, era desconfortável falar daquilo.

- Eu estou ouvindo. – falava baixinho ao seu ouvido.

Continua: - Estela me contou que o César quase enlouqueceu, recém casado ele pensava na Sônia,  que nutria um amor enorme por minha mãe, foi quando ele tomou a decisão, queria que ela abortasse. – para lembrando a dor que Maria deve ter sentido nessa hora, amar um homem que é casado com outra, estar esperando um filho dele e ele rejeitá-lo, não querer que a criança nascesse. – Luan a abraça mais forte, ele entendia o quão difícil era pra ela contar aquilo.

- Ela claro não aceitou, e pediu demissão, iria embora daquela casa, foi quando a Sônia impediu, disse que cuidaria de mim como se fosse sua filha, ajudaria Maria a criar a criança a qual o pai abandonou, e ela por achar que seu filho tinha direito sob aquele patrimônio assim como Arthur, ficou.

- E o que aconteceu com sua mãe? – Luan consegue perguntar.

- Morreu no parto, a gravidez era de risco e desde aquele dia Sônia cumpriu sua promessa, só que com um ponto a ressaltar, eu sempre fui adotada aos olhos deles, me deram o nome dos Fortezza ao qual eu sempre tive direito  mais no dia do acidente Arthur ressaltou bem isso – lembrava.

- Mais você é filha do César! De sangue! – Luan contestava - Você estava lá? No carro com seu pai? No dia do acidente? – ele para, percebe que não sabia de tudo e ela ainda ia contar.

- Eu tinha acabado de voltar da Suíça, papai nunca conseguiu me ver como via ao Arthur, por isso a Sônia me mandou estudar fora, mais até então ela não sabia que eu era filha do César, eu era a irmãzinha e filha do coração e não entendia o que isso significava – enxugava algumas lágrimas – você não sabe o que é ver seu pai beijando seu irmão, abraçando, perguntando como tinha sido na escola, como tinha sido a festa que tinha ido, como tinha sido o dia dele e nunca ter tido o afago e o abraço e a preocupação que tanto esperava quando chegava de viagem. – Luan aperta firme sua mão.

- Naquele dia, no acidente, Arthur implicava comigo porque eu ouvia musica e cantava alto, na noite anterior Papai e Sônia tinham brigado porque ela tinha feito um jantar de boas vindas e ele tinha chegado tarde alegando que estava trabalhando, ambas sabíamos que era mentira, eles gritavam muito e ao amanhecer ele  me tratou diferente, parecia que nada tinha acontecido, me abraçou,  pediu desculpas e disse que comemoraríamos com um almoço na chácara da família – para lembrando bem disso – foi o dia mais feliz da minha vida, e por um instante acreditei que tinha conseguido tudo que lutava pra ganhar, mais perdi tudo ao mesmo tempo.

- Arthur botava tudo pra fora, dizia que eu era a causadora de todas as brigas entre os pais dele, que eu nunca deveria ter aparecido nas suas vidas e me chamou de ADOTADA. Eu fiquei em choque, papai começava discutir com o Arthur que dizia que não deviam esconder mais aquilo de mim, Sônia também brigava, era uma confusão de vozes terrível – balançava a cabeça, parecia que estava vivendo tudo aquilo de novo – quando papai tirou a atenção da estrada, ele ia parar no acostamento, mais se chocou com um caminhão e a partir dali com todos desacordados naquele carro e apenas eu, com medo, com frio e assustada comecei a juntar as peças, a entender a rejeição, as brigas, o ódio do Arthur, sabe...era uma troca, eu reclamava a atenção do meu pai enquanto a Sônia tentava suprir esse vazio esquecia o Arthur e ele sentia isso! – admitia.

- Mais você era filha dele! Ele não descobriu? E a Sônia?

- No hospital, meu pai ficou em estado grave e nos reuniu, contou tudo desde o inicio, foi um choque pra todos, Arthur nunca aceitou o carinho excessivo de sua mãe comigo e isso tudo fez a Sônia me amar ainda mais e consequentemente aumentar o ódio do Arthur por mim, depois que contou toda a verdade, meu pai faleceu. – algumas lágrimas insistiam em rolar pelo seu rosto.

Silêncio, parecia que ambos absorviam tudo aquilo, Luan digeria a história toda, empregados, rejeição, acidente, ódio, brigas e Maria Cecília se concentrava no barulho do coração de Luan, queria gravar aquele som para poder lembrar mais a frente quando estivesse sozinha.

- Porque a Paloma? Porque se você tinha o amor da Sônia? O Arthur era de menos. – Luan questiona, parecia que com tudo aquilo ele queria achar uma explicação pra Paloma.

Ela responde sem medo: - Eu criei a Paloma, ela  é meu refúgio, onde eu me escondo dessa realidade toda, eu não queria sentir - pensava – tudo aquilo doía demais e era insuportável, um fardo pesado demais pra mim e – para pensando se diria ou não – eu não queria o amor dela – referia-se a Sônia – eu não merecia, sou fruto da traição do marido dela e não era justo, toda aquela atenção, todo aquele amor, então mudei; comecei a matar a Maria Cecília aos poucos, se o Arthur queria me odiar, daria reais motivos pra ele, e de verdade? Ele não achou ruim apesar do fato de envolver o sobrenome da família. Mudei meu comportamento, mudei meu jeito de andar, de vestir, de falar, e a convivência naquela casa virou um inferno. Eu queria ser a vergonha daquela família, sujar o nome dos Fortezza e acabei conseguindo. – falava sem nenhum mérito, não tinha orgulho daquilo.

 - Por isso que o Arthur nunca falou sobre você. – Não era uma pergunta e sim uma afirmação – sempre foi assim?

- Poucos foram os momentos de união que eu me lembro  que tive com o Arthur, sempre foi assim, e como eu morava fora ele sempre dizia que era filho único, quando aconteceu o acidente eu fiquei “conhecida” aos olhos de todos e quando apareci como Paloma foi...

- Uma decepção – completa.

- A pior decepção. – reafirma. – e é essa minha História Luan – levanta livrando-se do corpo dele, olha pro lado e enxuga algumas lágrimas, observa que ainda estava escuro e já passava da meia noite – espero que tenha matado sua curiosidade, agora já sabe de tudo.

Ele a encarava com cuidado: - Eu não vou contar isso pra ninguém, prometo.

- De verdade? Nada mais importa, minha vida é uma droga mesmo! – admitia – se quiser espalhar sinta-se a vontade com a história macabra dos Fortezza.

- Hey, hey Maria Cecília! Você realmente não sabe nada sobre mim, isso é pessoal demais e eu não vou contar! – explicava – quantas pessoas sabem disso?

- Fora minha “família” – faz aspas – e o Augusto? Apenas você! – admite.

- Isso vale como crédito. – sorria tentando animá-la.

- Só matei a sua curiosidade Luan, apenas isso e eu espero...

Ele a interrompe: - Você não me disse o que veio fazer aqui – arqueia sua sobrancelha esquerda.

Ela pensa e parecia voltar a realidade, lembrava como veio parar ali presa naquele carro com o Luan, das crianças com os cobertores na varanda do orfanato, da chuva, do Augusto que ainda não tinha voltado e nem ia voltar, e agora? Ela continuaria se abrindo com Luan e falaria do orfanato? – brigava com seus pensamentos, uma parte dizia que ela falasse logo tudo, talvez ele pudesse ajudar o orfanato    - e outra parte dizia que ela já tinha ido longe demais, que não deveria envolver as crianças nisso. Luan aguardava a sua resposta mal sabia ele que poderia não tê-la.

CONTINUA... 

Amores, obrigada por entenderem e aceitarem a #Fic de Seg à Sáb. Fiquei muito aliviada e tô adiantando nossa história! Como veem nos deparamos com a seguinte situação, Maria Cecília já admitiu pra ela mesma o que sente, e foi esse sentimento que fez ela contar tudo pro Luan, o qual ela pensa não nutrir nada por ela e que nunca será correspondida ( vocês verão isso nos próximos capítulos), mais Luan é indeciso, ele não sabe o que quer, sente algo por ela mais não entende ainda a intensidade, só digo que a vontade de protegê-la e querer cuidar dela vai aumentar, fora que Luan é homem  e como eles são "amigos" e suas vidas continuam, ele não vai deixar de sair, e de curtir outras, sim, ele vai fazer isso, agora eu pergunto, como ela vai reagir vendo que Luan as vezes age como a "extinta" Paloma Fortezza? Ela vai aguentar por muito tempo esse sentimento dentro dela? Vai conseguir agir naturalmente quando Luan estiver junto? Fazendo programas de "melhores amigos"? E o Orfanato? Vocês não tem noção de como vai ser a ajuda e como isso tudo vai desencadear outra situação.

De verdade? Não perdem por esperar!

Té amanhã minhas leitoras!

Paz&Bem

E outra coisinha pro dia de hoje e sempre:

FéFoco&Acreditar

@_Vanesssaa_