Ainda estava escuro quando
Cecília acordou, Augusto dormia, mais ao seu lado estavam as chaves, o cobriu
com a manta e ajeitou suas costas no sofá, ele era pesado e dormia engraçado
com a boca entreaberta. Liga o carro seu barulho era quase imperceptível e sai
de fininho andando pelas ruas, ainda em penumbra, mais evidenciava que o dia
seria ensolarado.
Também entra em silêncio em
casa, provavelmente apenas Arthur estava dormindo, porque sua mãe para sua surpresa acabava de chegar
em casa do plantão.
- Bom dia! – Sônia lhe sorria.
- Oi, bom dia – responde sem
graça, Sônia não a olhava acusando, parecia bem tranquila, serena – eu sai com
o Augusto ontem e...
- Ele me ligou, dizendo que
dormiu em sua casa.
- Ah! – ela entendia tudo, por
isso ela estava tranquila, confiava muito no seu melhor médico, permaneciam
paradas na entrada, mais percebeu a atenção de Sônia para o seu colar – bom eu
vou deitar um pouco, o sofá do Augusto é confortável mais não e dos melhores –
falava nervosa.
- Ele me contou do Arthur e da
Bia - falava como quem sente muito.
- Desejo que ela consiga mudar
ele, de verdade – vira-se.
- Tenha paciência com seu irmão,
eu vou conversar com ele e...
- Não precisa Sônia, eu não ligo
– mentia – só lamento de ter cedido as provocações dele, apenas isso – seus
olhos começavam a encher de lágrimas.
Ela finge que acredita mais
continua: - Filha – Cecília trava, mais estava gostando dessa trégua com Sônia,
de ouvir ela a chamando de filha, era reconfortante demais – posso conhecer o
orfanato? Tenho o dia livre e...
- Hoje não! – lembrava de Luan e
vê o sorriso de Sônia se desfazer, isso a machuca e se arrepende de imediato,
ela estava tão preocupada – a tarde ok? Estarei lá pela manhã, preciso fazer
umas coisas mais você sabe o caminho e te esperarei lá tudo bem?
- Perfeito! Dá tempo de dormir,
o plantão foi agitado.
Entram e ela sobe pro seu
quarto, desmoronando na cama: - É Cecília, seu dia promete.
Deitada na cama pensava na
loucura de sua vida, agora conversava com Sônia, estavam se dando bem, Luan,
Bruna, Bia – sente um aperto – Augusto e sua gentileza, procurava não pensar em
Arthur, ele não merecia a atenção dos seus pensamentos, mais de uma coisa tinha
certeza, não se arrependeu de ter conversado com o Augusto, ele lhe inspirava
confiança e segurança, o que acabou lhe enchendo de esperanças ao cogitar uma
possível correspondência do sentimento de Luan. – Será? Ele falou tão seguro de si – seu corpo reclamava por um
banho, levanta e segue pra tomar uma ducha, a água morna caia-lhe pelo corpo e
pensava como abordaria Luan hoje, não teve tempo de explicar aonde iriam, e
sabia que ele insistiria pra saber o “apenas amigos” – você e sua língua!
Pega uma short jeans, seu
comprimento era no meio da cocha, como preverá estava quente, desliza pelo seu
corpo uma camiseta branca que levava como detalhe de aplique uma flor colorida
na altura do peito, calça seu tênis branco em detalhes lilás na lateral, não
seca os cabelos, ao descer percebe que a casa ainda dormia – ótimo, não
enxergar Arthur hoje já é uma forma de começar o dia bem – estava impaciente,
ainda não eram oito horas, na cozinha pegava um pouco de iogurte e tomava,
olhava pra seu celular – ligo ou não? Ainda é cedo e ele pode ter chegado tarde
– o toma pelas mãos e procura aquele nome, não chama muito, parecia que ele já
esperava, no segundo toque atende.
- Alô? Já to pronto, não me diga
que vai desistir! – falava apreensivo.
- É, bom dia Luan. – ele ria do
outro lado, e ela entendia que era uma desculpa – você madrugou? Ainda não são
oito horas!
- Não, são sete! Podemos ir?
- Ia perguntar isso agora mesmo!
– estou saindo de casa, antes de chegarmos ao nosso destino precisamos
conversar.
- Tá tudo bem com você?
- É, sim, tá tudo ótimo! –
mentia.
- Ok, vou pegar o carro e nos
encontramos. – não acredita.
- Luan, por favor não vá no seu
Porshe preto ok? Não quero chamar atenção.
- Tudo bem, vou pegar o carro do
pai, alameda 25 certo?
- Te espero lá.
Cecília pega uma bolsa e enche
de comida, suco, sanduíche, geleias, biscoitos e frutas. Pega alguns talheres
descartáveis e segue pegando seu carro, sabia que o condomínio de Luan era
afastado e ele demoraria um pouco, dirigia pelas ruas ainda pouco movimentadas,
no som do seu carro tocava Jorge e Mateus – estava romântica demais – e seu
coração começava a acelerar só de pensar em vê-lo, em mergulhar no seu sorriso
e nos seus olhos chocolate.
Estaciona, desliga o carro e
aguarda, com os cabelos ainda úmidos arrumava sua franja pelo retrovisor,
desiste, pega um pente e começa a arrumar todo o cabelo, observa um carro
grande e preto se aproximar, sim, era ele.
- Bom dia! – falava de bom
humor, com uma touca azul na cabeça e óculos escuros.
- Qual o banco que você vai assaltar agora cedo? Não
conte comigo! – tentava camuflar que não estava bem.
- Ah, tá zoando com minha touca?
Tirava e bagunçava o cabelo, tão lindo ao natural, sem a quantidade de spray. –
Tá frio pow!
- Nem tanto, olha o sol como tá?
– aponta pro sol que já estava alto no céu.
- Pra onde vamos?
- Me segue! Se confiar em mim
claro.
- Toda vez você faz a mesma pergunta.
- E toda vez você me acompanha.
– sorri – me siga!
Iam devagar pela via, Luan
começava a perceber aonde estavam indo ao pararem na estrada de terra, ela
desce do seu carro e vai até o de Luan, entrando.
Ele não deixa de observar suas
pernas que estavam a mostra, ela finge que não vê seus olhares e começa a
falar: - Precisamos conversar, mais antes de tudo, obrigada...por ontem. Mais
sei que você e o Arthur são amigos e não quero estragar a relação de vocês.
- Relação de negócios? Ele
conversou comigo ontem sobre isso, parece que só isso importa e...
- Não procure entender, e não
escolha um lado por favor, fique com os dois – não queria que ele abandonasse
ela.
- Eu prefiro você! – ela ri.
- Mais aonde vamos? – sua
curiosidade era maior que tudo.
- Tudo bem, lembra daquela noite?
Que ficamos presos aqui? – ele concorda – nós fomos visitar o orfanato Luan, a
chuva forte derrubou uma parte da estrutura e eu e o Augusto somos
voluntários a um tempo.
Fica orgulhoso: - Isso é ótimo –
lembra de sua doação, conheceria o orfanato e poderia ajudar mais – tem um
estalo - mais as crianças, eu? A Dagmar
vai me matar! Isso é agendado por ela e tudo mais...
Ela se decepciona: - Desculpe,
eu sei que estou quebrando algumas regras mais tenho que ser sincera com você –
ele prestava atenção – deve ter percebido o clima entre eu e o Arthur ontem e
em outras situações – ele faz que sim – ele descobriu da minha ligação com esse
lugar e do nada resolveu ser bonzinho demais e frequentar esse lugar também
como voluntário, e falou pras crianças que era seu amigo.
- Sim, o que tem?
- Ele prometeu as crianças que
te traria aqui – falava baixo e Luan a repreendia com o olhar – não quero que
interprete isso como uma disputa entre eu e ele, apenas me ouça, elas são muito
importantes pra mim e sei que o Arthur é de momento, te trazer aqui seria um
mérito e tanto, ele seria visto como um herói e depois? As deixaria, e eu não
quero isso, não quero que se decepcionem, me entende? – ele concorda – você é
importante pra elas então por favor? Se não quiser ficar todo o dia, se for
demais pra você eu entendo, por isso optei virmos em carros diferentes, mais...
- Eu irei! – a surpreende - Quero
conhecer o orfanato, ele faz parte da sua vida não é? Faz parte de você, uma
parte que não sei porque me escondeu. Você me contaria se o Arthur não tivesse
inventado essa história? – silêncio – ok, isso responde, vamos lá então.
- Preciso de um tempo pra
preparar as crianças, garanto que elas não vão ficar em cima de você, te
enchendo e tudo mais, elas são incríveis e...
- Tudo bem, eu espero você
conversar, Maria Cecília, eu não me importo que avancem, gritem chorem, me
empurrem, puxem, são apenas crianças.
- Crianças muito especiais Luan,
não duvide. – abre a porta e segue pela estrada cheia de buracos por conta da
chuva.
Maria Cecília desce e pede pra
ele esperar, o primeiro a saber do visitante ilustre é seu Zé Dantas, que
começava a ajeitar o chapéu e a gola da camisa, Luan ria dentro do carro, o
homem nem percebia que estava sendo observado.
O pátio estava vazio, ainda era
cedo, mais não duvidava que as crianças estivessem todas de pé, e tinha razão,
ao adnetrar na casa, elas estavam tomando café.
- Bom dia – falava animada –
tudo bem com vocês!
Um coro se formava na grande
sala: - Tia Cecí! – seguidos de algumas palmas de euforia!
- Tão cedo minha filha – Irma
Tereza aparecia enxugando as mãos em um pano branco que ficou repousando em seu
ombro.
- Tenho uma surpresa pras
crianças.
- Surpresa? – a irmã indaga
enquanto um ruído se formava na mesa.
- Sim, Milla, João, Amanda,
Carlinhos e Samuel – os cinco olham atentos – lembram do nosso segredo?
- Sim! – gritavam eufóricos
enquanto os outros ficavam curiosos.
- Bom, ai fora tem um amigo que
quer conhecer vocês, ele é muito especial e eu quero que o tratem muito bem,
talvez até passe o dia conosco, mais depende de vocês, se ele gostar pode ficar
vindo nos visitar, então..querem saber quem é?
- Nossa, até eu quero saber
minha filha! É tão importante assim?
- O To Arthur – odiava ter que
falar no irmã – disse que era amigo de quem a vocês.
Olhinhos curiosos e radiantes
saltavam de alegria: - Luan Santana – gritavam todas.
- Ele está ai fora, esperando eu
pedir pra entrar.. – ria da cara de felicidade das crianças.
- Minha filha, o cantor? Ele
está aqui? Veja só como eu estou vestida! – apontava para um vestido florido e
um lenço na sua cabeça.
- Está linda irmã, e o Luan é
muito simples. – olha pras crianças – bom, possO trazê-lo aqui?
- Sim!
- Escutem – toas paravam em pé ao redor da mesa
– quem vai vir aqui é o Luan, e não o Luan Santana.
- Não é o de verdade tia? –
perguntavam.
Ela não pode conter o riso: -
São a mesma pessoa, mais lembra que eu disse que é um amigo? Assim como eu, o
tio Augusto, então vamos tratá-lo como tal, certo? Quando recebemos visita
temos que fazer o que?
- Tratar bem! – gritavam.
- Deixem ele a vontade, vamos
fazer ele gostar do nosso orfanato pra
ele sentir vontade de vir mais vezes certo?
- Certo!! – concordavam.
- Só um minuto, vou lá chamá-lo!
- Eu vou tirar esse lenço e
espero na varanda com as crianças – olhava elas se organizando em fila.
Caminhava rápido, imaginava que
Luan estava impaciente dentro do carro, mais ao chegar se depara com ele rindo
e conversando com o seu Zé Dantas: - Bom, acho que não preciso mais apresentar
vocês – ri.
- Dona Cecília, esse é o cantor
mesmo?
- Ele não acredita em mim – Luan
ria.
- Não seu Zé, não é o cantor,
ele faz uso da sua semelhança com ele e diz isso as pessoas.
- Ah, eu sabia! Essa gente nunca
que viria aqui no orfanato.
- Maria Cecília - Luan reclamava – diz a verdade.
Ela ria: - Tira essa touca e
esse óculos vai, ninguém acredita em você assim! – ele tirava e o homem o
olhava com dúvida – e agora seu Zé?
- Rapaiz do céu! Né ele mesmo!
- Agora o Senhor acredita né?
- Sou que nem São Tomé meu
filho!
- São Tomé? – Luan olhava em
dúvida.
- Depois eu explico a ele seu Zé
Dantas, acho que nosso amigo não é atento a ditos populares, as crianças estão
esperando, vamos?
- Té mais seu Zé – Luan se
despedia do senhor que não parava de rir – você me chamou de burro?
- Não Luan, não sou infantil a
tal ponto, nem eu que passei toda minha vida morando fora não sou totalmente
inconsciente dos dizeres populares. – caminhava rápido.
- Nem vai falar?
- Teremos tempo – pisavam na
pequena estrada de asfalto que dividia a grama em dois lados – bom, bem vindo
ao orfanato Santa Casa de Londrina.
Sorriam caminhando por entre a
estrada estreita e asfaltada que dividia o imenso terreno em duas partes de
verdes gramas, a casa não tão longe estava com sua varanda cheia de crianças
que demonstravam o nervosismo nas fininhas perninhas que tremiam ao ver uma
pessoa tão importante.
- Você é importante pra elas. –
sorria.
- São quantas crianças
abandonadas aqui?
- Elas não estão abandonadas,
tem a nós Luan – repreende – temos trinta crianças, e por favor as tratem como
uma criança normal, e não com inferioridade, você é amigo delas e tenho certeza
que vão te receber como tal ok?
Ele apenas assentia, lembrava de
Dagmar lhe dando instruções, admitia que tinha medo de ser derrubado por uma
avalanche de crianças loucas e gritando seu nome, olhava para os lado
procurando Wellington em vão, não se lembrava quanto tempo estava
“desprotegido” e a sensação começava a ficar desconfortável.
- São apenas crianças, de
carinho e atenção, apenas isso, e elas vão fazer o mesmo.
- Tudo bem – aproximavam-se da
escada quando as crianças começavam a descer, uma a uma com cuidado,
comportadas demais o que causa impacto em Luan, elas o olhavam com uma carinha
curiosa, outras cochichavam algo, outras se inclinavam pra ver mais de perto,
como se ele não fosse real.
- Diga alguma coisa – ela o
cutuca – estão esperando você primeiro.
- É – Luan coçava a cabeça – Bom
dia crianças!
- Bom dia! – gritavam em coro.
- Tudo bem com vocês? –
balançavam as cabecinha apenas, estavam encantadas com ele.
- Você é o Luan Santana mesmo? –
uma pergunta curiosa – de verdade?
- Acham que a Tia Cecília ia
mentir Milla? – irmã Tereza falava só sorrisos – seja bem vindo Luan - o
abraçava – espero que goste do nosso orfanato.
Luan também era tímido, isso foi
percebido por Cecília que sussurrou em seu ouvido: - Crianças Luan, não precisa
ter medo de te beliscarem, empurrarem e puxarem seu cabelo ok?
- Bom, querem ver se o Tio Luan
é de verdade? – tocava o braço com o dedo - Quem vai me abraçar primeiro? - sorria.
Uma criança esperta e corajosa
se aproxima lá de trás, andava devagar com a mãozinha levada a boca em sinal de
vergonha, era pequenininha, talvez a mais nova dali, de vestidinho rosa,
cabelos soltos formando cachinhos de cor preta ela falou: - Tio, posso te abraçar?
Luan sorria a pegando nos
braços: - Claro que pode princesa, vem cá no Tio vem! – ele estranhava a
palavra tio, mais nunca o chamavam assim, e era tão sincero, como uma forma
doce de ter uma ligação, uma aproximação – sabe que eu tenho uma irmã, e ela
adoraria vir conhecer vocês também? – ria lembrando da Bruna.
- Ela é bonita que nem a tia
Cecília? – a criança alisava seu cabelo, passando as mãos pelo seu rosto e
sorrindo, Luan fechava os olhos ao toque das mãozinhas pequeninas.
- Sim, ela é linda que nem a Cecília! – ri a
encarando, fazendo-a corar, o que não passou despercebido.
Luan colocava a menina no chão e
começava a conversar com as outras, estava bem a vontade, ouviu cada uma delas,
cantou com elas alguns trechos de suas músicas e quase se desesperou ao ver
Maria Cecília e Irmã Tereza afastadas entrando no orfanato, ele estava sozinho
com trinta crianças e se perguntava o que fazer: - Podem me mostrar a casa de
vocês? – ele ria.
Em segundos estava caminhando
por entre as árvores guiado por elas, que mostravam felizes cada canto daquele
espaço onde viviam, o precário parquinho que tinha, com alguns pneus, balanço e
algumas gangorras, também apresentaram algumas poucas bicicletas que tinham para
brincarem, falaram do Arthur quando mostraram o muro refeito com a sua ajuda,
Luan não deixou de fazer algumas perguntas e percebeu quais as intenções do
amigo, confrontar a irmã, as crianças falavam de Cecília com adoração, das
brincadeiras, do seu trabalho que se concretizava na casa da árvore, a qual
Luan deu total atenção, parado observando aquela pequena construção pensava na
pessoa que estava conhecendo, e percebeu que sabia muito, muito pouco.
- Gostou? – ele dava um pulo ao
ouvir aquela voz tão próximo dele, as crianças estavam brincando dispersas, e
diferente das outras não faziam tanto barulho. – desculpa ter te assustado –
ela segurava uma pequena cesta em uma das mãos.
- Foi você quem projetou isso?
- Sou arquiteta! – ria –o Augusto
e os outros estão dando uma mãozinha também.
- Sim mais – a olhava em dúvida
- você não engenheira!
Explicava: - Luan, na faculdade
tomamos conhecimento de tudo e não é difícil fazer uma planta. – ria.
- Eu sempre quis ter uma casa na
árvore sabia? Sonho de criança! Só via em filme americano e...
- Essa casa é nossa – admirava a
construção – é o sonho delas e o meu também – ri admitindo – se quiser, também
pode ser o seu.
- Mais não é só minha. – ri.
- Não podemos ter tudo pra nós
não é mesmo Luan? – o olhava fixo, como se jogasse pra fora seus segredos mais íntimos
– seria ótimo não ter que dividir, nada, nem ninguém – respira e percebe que
Luan ia questionar, ele era muito perceptivo – tá com fome? Podemos subir e
comer lá em cima.
- Lá em cima? Isso aguenta? –
fala assustado.
- Me dê um credito tá? Se você
tivesse visto a construção do início, aguarde quando estiver pronta! Agora vem,
me ajuda com a escada.
Luan pega a escada e posiciona
na beirada da casa, ela subia primeiro e ele nervoso seguia seus passos, sobem,
e admiravam a vista.
- Isso é grande! – ria encantado
– mais não tem telhado, como?
- Eu disse que não estava pronta
Luan – sentava deixando suas pernas na beirada balançando num vai e vem, Luana
acompanha.
- Porque me deixou sozinho? Com
elas?
- Nada melhor do que as crianças
pra te apresentarem a casa delas – dava de ombro - o que achou? – ria.
- Sei lá, me deu um aperto ver
todas sem família, aqui, sozinhas, abandonadas... – parecia ser algo surreal,
que não era pra existir.
- São apenas crianças Luan, não
mereciam passar por isso, você não aceita porque teve toda uma estrutura, foi
amado, mais muitas delas foram rejeitadas ao nascer, ou perderam os pais e a família
as negou, são muitas histórias que eu procuro não lembrar.
-Você entende não é? – pegava um
sanduiche que ela lhe entregava.
- Faço por elas o que a Sônia
fez por mim, apenas isso. – dá de ombros.
- Não, você faz por elas o que
queria que o seu pai e o Arthur fizessem com você.
- Que seja – aceitava.
- Podemos conversar? Agora?
Respira fundo: - Podemos comer
primeiro?
- Tudo bem, to morrendo de fome!
- Garanto que o dia de hoje vai
valer por uma semana de academia! Pelo menos é o que o Augusto costuma me
dizer! – tomava seu iogurte – lembrando da sua conversa durante a noite com seu
agora, melhor amigo.
- O Augusto é legal!
- Ele é incrível! Está me
ajudando muito sabe? – percebe Luan cabisbaixo – assim como você – ri –
obrigada por ontem, nem te agradeci direito, você foi...incrível!
- Não tem de que, ainda vou
conversar com seu irmão, dar uns toques.
- Nem tente Luan, é perca de
tempo, eu vou seguir o conselho do Augusto e me policiar sabe? Não ceder as
provocações dele, é o melhor!
- Você chegou bem em casa ontem?
– pergunta curioso.
- Ontem? – ri inocente – eu cheguei
hoje cedo.
- Hoje cedo? – arqueia uma das
sobrancelhas.
- É, dormi com o Augusto! Ele
não me deixou voltar pra casa, disse que eu estava péssima pra dirigir.
- Você dormiu com ele? – seu sangue
estava agitado, pulsando rápido demais ao ponto de sentir toda a pressão na sua
cabeça.
- Qual o problema Luan? –
percebe o que estava acontecendo e se aproveita – eu já dormi com você, sem
segundas intenções no carro lembra?
- Não, não tem problema nenhum,
a vida é sua e o Augusto é um cara legal, perfeito pra você ,não é?
- Somos amigos Luan e eu não
estou te entendendo – fica confusa, ele estava com ciúmes é isso? – amigos como
eu e você lembra? E fora de cogitação ter algo com ele, não quero estragar a
amizade – tarde demais, já tinha falado. – desculpe. – fala envergonhada.
- É por isso que não se abriu
comigo ontem? Porque tecnicamente já estragamos nossa amizade? Eu deveria ter
entendido que isso não daria certo.
- Luan, Luan! Pra onde estamos
levando essa conversa? A dois segundos estávamos rindo, comendo e agora...estamos
tentando lembra? Eu gosto de você.
-Mais você não se abriu comigo
ontem, não me deixou te ajudar e saiu correndo pro Augusto, me deixando feito
um bobo preocupado, tentei te ligar mais desisti, queria te dar um tempo sabe?
E você...me desprezou! – não falava em tom decepcionado, e sim alterado.
- Você tá com ciúmes do Augusto?
É isso Luan? – ria – deixa de ser bobo!
Fica desconcertado: - Não é
ciúmes, mais você ainda não confia totalmente em mim, como posso te ajudar?
- É ciúmes sim Luan! E estamos
tentando lembra? É, diferente...
- Porque é diferente? Ontem a
noite, quando cheguei perto de você...
- Esse é o problema, você ontem
estava me testando Luan... – acusa.
- Testando? Você estava confusa,
foi o que me disse...
- Eu estou confusa. – admitia – o
que você queria que eu te mostrasse ontem Luan? Quando você se aproximou de
mim? Você pensou que...
- Eu não pensei nada – olhava confuso
pros lados.
- Nós estamos mesmo tentando?
Quer dizer, você está mesmo tentando?
- Claro que sim! Aquela noite
não passa de um borrão – não sabia o quanto isso a machucava!
- Ótimo! Um borrão, é isso pra
mim também – ri amarelo mais não consegue disfarçar a decepção na sua fala. –
vi que andou se divertindo não foi? Em São Paulo? – tentava mudar de assunto.
- Só diversão mesmo.
- Panicats?
- Entre outras, acho que tenho
um pouco da personalidade da Paloma...
- Eu percebi isso sabia? – ri.
- Ainda sente falta? Da Paloma?
- Ela era meu esconderijo, agora
preciso encarar tudo sozinha, sem máscaras, é difícil sentir...
- O que você sente?
- Muita coisa, não queira saber!
- Me conta vai? Você tá gostando
de alguém? – julga sem nenhuma intenção por trás.
- Sim, mais ele nunca olharia
pra mim, fui uma pessoa má e o perfil dele tá mais pra anjinha do que alguém
com o passado que nem o meu, eu o amo demais, o quero por perto, dividir minha
vida, beijar, abraçar, cuidar – ela falava com convicção – e que ele cuide de
mim, apesar de perceber que ele já faz isso.
- Sério? – ficava surpreso.
- Era isso que queria ouvir? –
ria – então se enganou, porque não é verdade.
- Argh! Você é boa nisso!
- E se fosse?
- Diria que esse cara é um
burro, você é linda, inteligente e qualquer homem queria namorar com você! Até
eu!
- Luan! – seu coração palpita.
- Sou melhor que o Rober não é?
- Não, não é melhor, você tem
sua peculiaridade, assim como ele. – levanta – queria trabalhar aqui, mais não
trouxe minhas ferramentas – Luan a acompanha.
- Melhor pra mim! – admite – sei
que me colocaria nessa.
- Você pretende vir mais vezes?
- Serei voluntário! Vou fazer
algumas doações.
Batia com o pé na madeira,
ouvindo algum ruído mais continua interagindo com Luan: - Não te trouxe aqui
pra ser doador, só pra realizar os sonhos delas!
- Mais eu já ajudei aqui, acho
que ouviu falar no anônimo – ri admitindo.
- Foi você? – se assusta e ele
concorda – a árvore era uma mangueira antiga, Luan percebe que tinha frutos e
se equilibra pra pegar um, enquanto Cecília o observava na ponta dos dedos,
tinha dificuldade pra pegá-lo mais quando o faz, o seu corpo não estava em
sintonia com o piso plano da casa e tomba para o lado onde Cecília estava a
levando junto ao chão.
- Ai Luan! Você é pior que as
crianças, tudo isso por uma manga? – gritava embaixo do seu corpo.
- Me desculpe! – ele começava a
ria dela irritada – foi mal, mesmo.
- Muito mal Luan – ele ainda a
mantinha presa – e eu estou sufocada aqui sabia que você é pesado?
Ele levanta e a puxa, na força
fazendo-a bater no seu peito, ela o encarava irritada demais quando ia abrir a
boca e dar outras broncas Luan brinca: -
Quer manga?
- Luan – apontava o dedo
enquanto ele caminhava contra a parede – não me faça dizer aonde você deve
enfiar essa manga – ele ria - você quando quiser cair, caia sozinho, isso dói sabia?
E você não é nenhuma criança pra – ele pega sua mão a fazendo parar.
- Você fica linda brava!
- Não me queira ver assim, isso
não é legal, to parecendo uma idiota! – ele a encarava como naquela noite,
percebeu então que estava perto demais dele e se afasta, em vão pois ele a puxa
de novo.
- Não vou te morder!
- Mais eu posso te morder, então
cuidado.
Luan era teimoso e aproxima seu
rosto virando a bochecha: -Morde? –
desafiava em tom de brincadeira.
- Luan, Luan, não duvide de mim!
- Morde? – insistia rindo – ela não
faria isso, claro diferente de Luan ela parecia ter um certo equilíbrio mental,
aproxima-se, daria um beijo em sua bochecha, com duas intenções, porque queria,
e porque quebraria o “gelo’ que Luan estava sentindo, fazendo jus ao nome
amigos, em seguida desceriam pra se
juntar as crianças, não sabe se ambos foram rápidos demais, ou se ambos queriam
aquilo, num movimento rápido talvez pela impaciência de Luan ele vira o rosto e
Cecília aproxima seus lábios, como um imã acertando em cheio sua boca.
Bastou isso, apenas esse toque,
que poderia ser lembrado como apenas um borrão, um equivoco, mais ambos queriam
aquilo, Luan a puxou levando para uma das divisões da casa, onde as crianças
não poderiam ver aquele beijo que
acontecia, era o encaixe perfeito, a saciação e a urgência, a falta, a
necessidade, o desejo de ambos um do outro. Ela quem consegue parar. Silêncio,
nenhum conseguia explicar o que aconteceu, ou quem começou tudo aquilo.
Ela falava assustada: - Luan? O
que deu em você? Era isso que queria que eu te “mostrasse” ontem? –
Ele fica nervoso: - Me desculpe
Luan, me desculpe isso não deveria ter acontecido – não conseguia a olhar tinha
vergonha – eu sou um idiota.
- Você quer mesmo ser meu amigo?
Assim? Aos beijos? Luan, o que você realmente quer?
Revida – E o que você realmente quer? – a encarava – não esconda
que algo não está acontecendo, essa atração, esse desejo? Isso não é normal!
- Apenas desejo Luan? – falava decepcionada,
como se a ficha tivesse realmente caído – é isso?
- Não eu quero sua companhia,
sua amizade mais...– não sabia explicar.
Lembrava da conversa com
Augusto, da coragem que ele pôs em seu coração ontem a noite, seria esse o
momento? Deveria dizer a ele o que sentia? Ele também estava atraído, mais
talvez não a amasse, valeria a pena arriscar – seus olhos tremiam nos dele e
algo queria saltar do seu peito, direto na sua boca, dizer tudo o que sentia, e
se livrar desse fardo.
- Mais não sabe o que quer? – ele
concordava - Eu sei o que eu quero Luan! – falava séria, ele esperava o que ela
iria dizer, que ela queria distância dele, que não queria mais o ver, nem
falar, e dessa vez ele a perderia. – Sabe o que eu quero? – fala sem medo – Eu quero
você, QUERO ESTAR COM VOCÊ SEMPRE, SEMPRE E SEMPRE. Eu te amo Luan, será que não percebeu? Eu mais que tudo quero seus beijos, seu toque, quero muitos momentos como esse que aconteceu aqui, só que isso dói muito sabia? Porque do contrário de mim, como disse agora
mesmo, é apenas desejo, atração e é ouvindo isso que me arrependo até hoje do
dia em que aceitei confiar em você e
entrar naquela casa e deixar que você comandasse tudo e bagunçar minha vida de vez!
Ele a olhava assustado, ela
falava com dor, com lágrimas nos olhos e decepção, ele estava louco ou ela
começava a dizer que estava o amando? Seria mesmo aquilo ou estava ouvindo coisas?
CONTINUA...
Bom, já sabem o que sempre digo não é?
AGUARDEM...
Só digo que Teremos coisas aceleradas no próximo capítulo, muitos fatos acontecendo ao mesmo tempo, porque mais que vocês eu quero esses dois juntos, então...
Hahaha...
Kiss, Kiss!
Paz&Bem
@_Vanesssaa
Divulgando aqui o novo projeto da @SuspiroSantana
Muito TOP e promete!!
http://contossuspirosantana.blogspot.com.br/
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI EU AMEI DEMAS CARA :O O LUAN TEM QUE FALAR QUE SENTE A MESMA COISA NAO É POSSIVEL! AMEI AMEI. @SOMDASUAVOZLS
ResponderExcluirFinalmente ceci deixou seu coraçao falar mas alto , mas acho que Luan ira tambem fazer o mesmo
ResponderExcluir@Luandivo_
Até que enfim a Cecília parou com essa ladainha e admitiu que ama o Luan! E eu tenho certeza que ele também ama ela MUITO, só não está preparado ou convicto disso. Posta mais! :*
ResponderExcluirLetícia @DurasNaQuedaLS - @ltsleticia
Eitaaa... será que agora vai? haha' que lindo !
ResponderExcluir@luan_meugostoso
nossa, q massa essa capitulo, ameeeeeei, lindo....amor sera q da pra vc divulga por favor a minha fic? é umanoitesfim.blogspot.com ...se vc divulga ficarei muito agradecida ...bjs
ResponderExcluir@DestinoSantana_
Que bom que ele aceitou ir ver as crianças. O que já era de se esperar dele.
ResponderExcluirAcho que Maria Cecília agiu certo se declarando pra ele. Só assim ela vai saber se eles realmente tem chances de ficar juntos.
Yana Souza
- Morde? – insistia rindo – ela não faria isso, claro diferente de Luan ela parecia ter um certo equilíbrio mental, aproxima-se, daria um beijo em sua bochecha, com duas intenções, porque queria, e porque quebraria o “gelo’ que Luan estava sentindo, fazendo jus ao nome amigos, em seguida desceriam pra se juntar as crianças, não sabe se ambos foram rápidos demais, ou se ambos queriam aquilo, num movimento rápido talvez pela impaciência de Luan ele vira o rosto e Cecília aproxima seus lábios, como um imã acertando em cheio sua boca.
ResponderExcluirAMEI ESSA PARTE, MEU DEUS.. QUASE CHOREI. QUE LINDO, LINDO E LINDO.. A CECÍ ENFIN DEIXOU O CORÇAO FALAR MAIS ALTO, E ESPERO Q O LERDO DO LUAN TB DEIXE. A, ANCIOSA EU? MAGIGA u.u
- Letícia ; LS_myanjo.
Ah meu deus. Vanessa, como você faz isso comigo menina? Coração na boca né? kk Obrigado pela divulgação. Vanessa, eu quero ler o próximo o mais rápido possível.
ResponderExcluirNa boa.. Eu te mato ainda Vanessa! Isso tá melhor do que novela mexicana e tu para na melhor parte muié? Kkkkk' aaaain tomara que o Luan corresponda ela, ele a ama também, só deve estar com medo de admitir isso e ela merece isso depois de desabafar completamente :')
ResponderExcluirAAAAAAAAAAAAAAAAAH EU SURTEI COM ESSE CAPÍTULO, tão perfeito. Ela ta começando a tratar Sônia bem, acho que um outro momento emocionante vai ser quando ela chamar sônia de "mãe". O Luan de toca é lindo, paraa rsrss.. Tão fofo conversando com as crianças, cantando com elas.. me apaixonei :') Essa casa da árvore ficou marcada... Um beijo especial, seguido de uma declaração.. Quem diria em Paloma.. conseguiram te encantar.. E agora??? Aaah posso te morder tbm Luan?? Posta mais nega.. Tá bãao demaaaaais
ResponderExcluirque capitulo liindoooo!!!!!!! fiquei toda emocionada, serio!
ResponderExcluirfiquei com vergonha pela cecilia confessando seu sentimento na cara do Luan!!! q corageeeeem! kkkk
Como será q o Luan vai sair dessa? ui ui ui, EH O AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOR!!!!!
p.s. pq a cecilia ignora tanto a sonia? ela a trata tão bem
eh culpa ? ainda n saquei mto bem essa parte :x
tudo otimo Nêssa!
Beejo
Naah Negreiros
Vanessa que me matar do coração? Na melhor parte tu para mulher =x Cara finamente ela abriu o jogo e vez, espero que Luan não a decepcione e enfim que esses dois se acertem.. hahahah
ResponderExcluirBeijos, Renata @MyOrgulho_LS
to quase surtando aqui,kkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluircontinua! @laarihrafaella
mais mais e MAAAAAAAAAAAAAAIS!
ResponderExcluir@gruubeer
curiosidade a mil aqui,mais tenho certeza que ele vai ficar com ela, sem duvidas né?
ResponderExcluir@paulagaia2
AAAAA que lindoo ela se declarandoo :´)
ResponderExcluir-Universoteenls
OMG não acredito que ela falou isso pra ele
ResponderExcluirsera que esses dois vão ficar juntos??
posta mais